29/05/2023 às 10h42min - Atualizada em 29/05/2023 às 10h42min

O que mais de 5 anos de Erdogan representam para Turquia e para o Mundo?

Vitoria apertada evidenciou acirrada polarização no país, mas é pouco provável que presidente mude o rumo autoritário de suas ações.

Por Sandra Cohen
Por G1

Foto: Murat Cetim Muhurdarturkish Presidential Press Serviceafp

POLÍTICA - Reeleito presidente da TurquiaRecep Tayyip Erdogan adentra a terceira década no poder, embora as urnas tenham lhe dado uma vitória apertada e evidenciado a acirrada polarização no país. O presidente sobreviveu ao teste mais difícil, valendo-se do nacionalismo e do controle sobre as instituições para protegê-lo.

Ainda assim, a extensão deste mandato por mais cinco anos se antevê desafiadora: a economia turca está desgastada pela inflação desenfreada e pelo valor da lira em queda livre. O país amarga os efeitos do terremoto devastador que há três meses matou 50 mil pessoas.

A máquina estatal, porém, se revelou azeitada na reta final da campanha, quando o governo aumentou o salário dos funcionários públicos e distribuiu benesses aos eleitores.

A reeleição cobrará do presidente esses gastos extras e a solução de um mix de crises com um agravante: ele terá na sua cola metade dos eleitores insatisfeitos.

Com o cargo assegurado, é pouco provável que Erdogan mude o rumo autoritário de sua prosa e de suas ações. No discurso de vitória, atiçou o adversário Kemal Kilicdaroglu, que o forçou a enfrentar o segundo turno e ficou apenas quatro pontos atrás no resultado final. “Tchau, tchau, Kemal”, provocou.

Erdogan tem a seu favor o controle do Parlamento, onde o AKP conta com a maioria de 323 das 600 cadeiras. Essa vantagem lhe permitirá promover mais reformas que solidifiquem o poder e mantenham suas políticas conservadoras.

Na frente externa, o presidente ganhou capital político para permanecer na cena como ator crucial em conflitos como a guerra da Rússia na Ucrânia. Ele exercita a ambiguidade para obter trunfos. Ao mesmo tempo em que resistiu às sanções ocidentais contra o Kremlin, atuou na mediação de um acordo para permitir a passagem de grãos ucranianos pelo Mar Negro.

As ações de Erdogan costumam causar calafrios entre os parceiros da Otan e lhe valem o rótulo de aliado mais complexo da aliança atlântica. O presidente turco sabe jogar e frequentemente mina acordos com ameaças.

Recentemente comprou sistemas de defesa antiaérea da Rússia e bloqueou a adesão da Suécia à organização. Ele deixa às claras a relação especial que mantém com Vladimir Putin e tenta estender a sua influência pelos campos mais diversos.

Vinte anos depois de ser eleito pela primeira vez, como primeiro-ministro, Erdogan não é mais visto como o grande salvador da Turquia, capaz de promover o crescimento do país, combater a corrupção e fazer uma ponte entre o Oriente e o Ocidente. A diferença é que, depois de tanto tempo no comando, todos os erros e acertos recaem sobre ele.


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